A carta de Becker, para Becker - Parte 2

"Após a ordem conter todas as outras forças em seu interior, formou-se o mundo em que hoje vivemos. Durante algum tempo, que não conseguimos saber ao certo quanto durou, o mundo foi um ambiente vazio, sem nenhuma forma de vida. As forças, agora aprisionadas, continuaram a existir, e aos poucos acabaram originando novas forças, diminuindo cada vez mais o espaço no interior da ordem. Hoje, acreditamos que essa expansão interna acabou ocorrendo novamente por um capricho da força do caos, que simplesmente não poderia existir em um ambiente tão estático."

Agora eu garanto que você lembra. Todos aqueles olhares, sedentos por conhecimento, assistindo ao preludio do que viriam a ser suas aulas. Não sei ao certo, apesar de já sentir algo, o que vai acontecer com esses alunos (você, que já viveu nosso futuro, pode se responder) , mas com toda certeza, essa aula foi marcante. Só não sei ao certo se mais marcante para nós, ou para eles...

A carta de Becker, para Becker - Parte 1

Olá.

Bem, se estou lendo isso agora, é porque finalmente resolvi parar. Você sabe, essa carta, esse rascunho escrito tão as pressas, e para você mesmo, talvez seja o suficiente para reascender a chama que hoje existe em mim, e que talvez já não exista para você. Lembre-se, esse é seu grande trunfo, você prometeu a si mesmo que quando a mesmice e o desinteresse tomassem conta da sua profissão, você leria essa pequena carta, tentando reencontrar a emoção que sentiu na sua primeira aula.

Isso mesmo, caso não lembre, estou escrevendo isso após lecionar a nossa primeira aula na renomada academia de Aruanon. A versão de você (ou de mim? é difícil escrever algo dedicado a si mesmo...) que está lendo isso agora pode não lembrar, mas sua primeira aula foi até agora o momento mais especial de sua vida. Depois de anos e anos estudando a história da criação, finalmente você foi reconhecido e selecionado para lecionar para turma de Introdução Antiga I. Iria ensinar para os jovens como o mundo de Égion foi criado, ensinar sobre as forças criadoras, sobre as vertentes e sobre a própria árvore que hoje dá nome a cidade.